Querida Amiga

Hoje a saudade veio com força. Ela é quase palpável; na verdade, seria, não fosse o fato que ela vem quando quer, se instala, mas não consigo empurrá-la para longe.
Senti saudade dos tempos de criança. De um sofá com um lençol, e o cheiro de torradas assando no forno. De uma laje, um cachorro reclamão e primos correndo.
Hoje ela veio com a luz do sol entrando pela janela e difundida pelas cortinas, com a música no rádio bem ao longe em uma cidade silenciosa e com mesa posta fora de casa.
Invadiu meus pensamentos, sentimentos e sanidade.
Ela veio com retratos em tons de sépia, nos sorrisos completos... na ausência.
Mas hoje ela veio diferente. Não foi como um desconhecido que passa e você observa. Nem tão pouco veio como um livro novo que você começa a ler e a cada página entende melhor a história.
Não. Nada disso.
Hoje ela veio como amiga. Uma velha e querida amiga. Que sentou para tomar um café e comer uma fatia de bolo, de fubá. Ficou por um tempo e me deixou, só.